Continuo a enfardar pilhas de comprimidos, obrigam-me a abrir a boca, mostrar por baixo da lingua, nas bochechas e depois dizem-me linda menina.
Sinto-me com mais força. Já me apercebi que é tudo uma questão de manobrar a coisa, jogo de cintura, fazer o que eles esperam de mim.
A minha Mãe sorriu-me, afagou-me o rosto, disse-me que eu estava com óptimo aspecto, que não tarda muito irei para casa. Para a casa dela, sublinhou, que eu preciso de alguém que tome conta de mim, me alimente que estou um pau, que cuide que eu durma para sossegar a cabeça.
Acenei afirmativamente a tudo.
Quantas mais vezes disser sim mais rápido saio daqui e nunca mais me agarram.
Perguntei-lhe se ele tinha estado cá ou se tinha sido apenas um sonho meu. Esteve, esteve sim e ficou muito preocupado. E voltou? Não, não aguentou ver-me daquela maneira, mas agora eu já estou muito melhor. Voltará, então? Ele tem a vida dele, é complicado vir aqui... percebo. É a preocupação comigo que o afasta daqui.
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