domingo

Perdi um cliente para um rival de mercado.
Detesto-o, é gordo e está permanentemente a apertar o nariz com aquelas mãozinhas sapudas. O cliente até que nem trazía mais valia e era um chato mas perdê-lo para aquela bola de sebo é que eu não aguento.
Lá veio o fiozinho de sangue no isolamento do meu gabinete. Tomei uma pastilha, dali a uns 45m fiquei mais relaxada, mas o que me apeteceu foi devastar a secretária, arrancar a estante da parede e desancar o gordo.
Controlo-me nesta imaginação violenta em que humilho aquele sacana, visto-me de sado e espeto-lhe o meu salto agulha naquele rabo imenso até ele chiar como um porco.
- Entre, feche a porta. Sente-se.
Sentou-se. Não lhe vejo preocupação no olhar, na fronte.
- Como é que perdemos este cliente para aquele miserável?
- Pelo preço. Era um cliente que não se importava de ter baixa qualidade desde que a reduzido preço.
- Fizémos vários projectos para lhe apresentar? Vários preços?
- Não, o cliente demonstrou desde o primeiro momento que se fosse possível quería o projecto a custo zero e isso..
- E isso é impossível. E por isso perdemos o cliente para aquele gordo.
- Quem?! Ele já não é gordo, fez um tratamento e está bastante magro! Há quanto tempo não o vê?
Deixei de o ouvir, acho que transpirei o efeito da pastilha e atirei com a bola pisa-papéis contra a porta, ele encolheu-se na cadeira. Depois levantou-se, agarrou a bola de vidro (nem se partiu!) e pousou-a sobre a minha mesa.
- Obrigado, pode ir. Bom trabalho.
Que ódio!
Todos os meus sonhos fetichistas de me vingar no gordo foram por água abaixo!

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