Aconselharam-me a desenvolver uma actividade desportiva em grupo como terapia para o meu destempero.
Procurei um ginásio e venderam-me um conceito inovador de aulas exclusivamente femininas. Macho não entra.
Desconfiei assim que entrei nos balneários. Muita conversa, muita troca de pontos de tricot e cozinhados, beijinhos à chegada, todas muito intimas.
A aula foi uma seca: não deu para queimar metade do que habitualmente desgasto nas minhas solitárias corridas matinais. Interrupções a toda a hora para gemerem sob os ab e uma exibição desmesurada que até cheirava a novo dos equipamentos em lycra colorida.
Mas o bom foi no regresso aos balneários. Poucas tomam duche, envergonham-se de peitos virados para os cacifos a ajeitá-los nos wonderbra.
Não olham directamente para o corpo umas das outras, coram na fala contínua e esganiçada dirigida ao rosto como se tivessem duas palas nos olhos.
Apanhei umas três a darem cotoveladas à socapa quando me despi e fui para o duche de toalha ao ombro. Admiraram a minha depilação artistica, um pequeno fio anelado que as escandalizou.
Não voltei a pôr lá os pés, perdi o amor aos euros da inscrição.
Não há nada como sentir o vento na cara, correr até ficar sem ar, o único beijo o que o sol me dá quando desponta no horizonte.
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