Lá está ele... a conversa destes gajos é sempre a mesma. Deve ser um trauma de infância, um shock muito grande que me provocou uma angústia e o meu comportamento desviante mais não é do que um mecanismo de defesa para colmatar um complexo de inferioridade recalcado, blá, blá, blá...
É sempre o mesmo diagnóstico.
- Sabe o que é? São esta fotografias todas que tem em cima da sua mesa, da sua mulher e das suas criancinhas, todos muito felizes.
- Sente a falta? Revê-se nestas fotos?
- Não.
- Não, como?
- Não, como como?
- Se sente que podería fazer parte de uma familia e que estas fotos lhe lembram esse desejo...
- Não.
- Como assim?
- Como assim o quê?
- Que lhe falta a si para...
- Ouça, já percebi a idéia. Mas não vá por aí. As fotografias são lindas. Só não entendo porque precisa delas, não tem a sua familia todos os dias consigo?!
- Sim, mas não é de mim que...
- Se tem a sua mulher na sua cama e os seus filhos à hora de jantar para quê este aparato todo? É para lhe lembrar que tem uma familia e é sua obrigação gostar deles?
- Acho que o nosso tempo já terminou. Hoje avançámos muito. Foi muito produtivo.
Claro que foi!
Lá abri os cordões à bolsa para este palhaço.
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