quarta-feira

Não sou uma ninfomaníaca. Mas dou comigo no propósito ou no natural a admirar homens e mulheres sem lhes ter a intenção do manjar. Já expliquei qual a minha qualidade de predadora, que no fundo é muito mais de conquistadora e atiçadora, gosto do jogo, é ele que me provoca, é ele que agita o que há de melhor em mim. Ou pelo menos o mais bárbaro, o mais solta, o menos "preparada".
Os meus amigos não fogem a essa regra da minha apreciação.
Não os quero como amantes, nunca os vou querer nessa condição.
Preciso deles perto de mim, falarmos a mesma linguagem, sentir que eles não me temem, abrir a boca do meu saco de lixo e deixá-los espreitar.
Mas só num relance.
Não consigo explicar porquê. Confio neles. Mas não lhes confio o meu saco do lixo, não consigo escancará-lo e expôr as minhas vísceras, as minhas raízes banhadas no sangue de muitos.
Não acho resposta para esta questão. Só sei que quando se aproximam fujo de saco às costas.
Até àquele que amei me escondi no canto do quarto, o saco apertado junto ao peito.
Ele saíu e nunca mais voltou.

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