sábado

Há fins de semana que detesto, parecem arrastar-se numa eternidade doentia e molarenga como moscas ao sol. Não gosto de parar nos semáforos e ver no carro ao lado a familia feliz. Eles sempre de camisas aos quadrados, muito desabotoados exibindo uma farfalhuda cabeleira no peito, elas sempre viradas para trás tentando educar naquele espaço as crianças tão malcriadas, o cabelo de madeixas oleoso, só no final da tarde vão ao cabeleireiro.
Aproveito estes dias para trabalhar, umas vezes no escritório, outras em casa no portátil. O mercado é uma selva, não dá para fechar os olhos e descansar à sombra da bananeira, há pesquisas a serem feitas, investigar sobre potenciais clientes, marcar os maus pagadores, bisbilhotar os rivais e as suas campanhas.
Não aprecio saír nestes dias, demasiada gente, demasiadas normas e rituais, parecem manadas a serem conduzidas para um só objectivo.
Por vezes recebo um, dois amigos cá em casa, são sempre eles que vão para a cozinha.
Se estou sózinha e a empregada não me deixou nada preparado ligo para um take away e desforro-me nos picantes de uma comida indiana ou tailandesa. Depois, também não sou o que se possa chamar de um bom garfo. Como mais por necessidade, mas escolho, cuido-me embora me vingue de quando em vez nalguns pequenos prazeres como um bom gelado.
Não me entusiasma o fim de semana.
Quem será que me mandou aquele ramo?

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