- Então? Como se sente? Está com óptimo aspecto!
- Deixe-se disso. É simpático da sua parte Magalhães, mas eu tenho um espelho.
- Ora?! É a verdade!
- A verdade é que quase me ía acabando aqui, isso sim...
- AH! Que humor!
(Olho-o. Ele é bem capaz de me ajudar... será?)
- Como vão as coisas lá pelo escritório?
- Nem quero que pense nisso! Está tudo bem!
- Se me diz...
- Afirmo! Quando estiver a 100% vai poder comprovar.
(Ele é que é a pessoa certa para me trazer as chaves do carro, de casa... será?)
- E os clientes?
- Vá, vá, deixe-se dessas coisas! Sabe que não se deve preocupar! Pense em coisas... sei lá! Pense nas suas viagens que tanto gosta!
- Se não tiver clientes satisfeitos não tenho dinheiro para fazer viagens, logo fico insatisfeita.
(Ri-se)
- Já tenho de volta a Edna, graças a Deus...
- Graças a mim. Ou pensa que esse senhor me ajudou quando estava em baixo?!
- Claro que sim! Ele olha pelos desvalidos!
- Poupe-se. Não vou nessa conversa dos pastorinhos e do rebanho.
(Acho que me enganei... Ainda ía contar à minha Mãe...)
- Eu rezei por si Edna. Para que se restabelecesse bem e depressa desse...
- Desse?
- Desse contratempo, quero dizer...
- Magalhães, você sabe o que é que aconteceu?
(Não diz nada, nem olha para mim, só aperta as mãos uma na outra)
- Sabe, não sabe? Vejo pelo seu constrangimento que sabe... e deve ter sido uma coisa linda!
- Não foi nada, foi até muito triste.
- Fale-me, eu preciso de saber. Tenho direito a saber!
- Mas para quê?! Já lá vai! Deixe isso, esqueça!
- Se é meu amigo tem de me contar!
- Amigo? Eu quero-lhe muito bem Edna, mas não vejo razão para falarmos de alguma coisa menos boa que até pode atrasar a sua cura...
(Não posso mesmo contar com este.)
- Se sabe porque não me diz? Não acha importante eu ficar a saber o que me aconteceu?
- Se insiste, sim, claro que sim. Se quer saber nem você sería a Edna se não o quisesse. Mas não aqui, não agora... Entenda-me, não é o momento oportuno.
- Quando?
- Quando saír falaremos.
- Prometa!
- Prometo-lhe que lhe conto tudo, que respondo a todas as suas perguntas, tudo, tudo.
- Magalhães, onde é que está o meu carro?
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