Não me interrogo sobre a minha loucura, se sou louca, se estou quase a chegar lá.
Questiono-me sobre as minhas diferenças, o meu desajuste a este mundo que conheço, a falta de semelhança e comunhão entre os demais.
Na minha profissão chamam-lhe rasgos de genialidade, na vida social excentricidades.
Ele não me rotulava.
Deixava-me ser eu mesma sem ter necessidade de pregar adesivos com nomes para se lembrar que eu não era igual às outras mulheres, que não lhe pedía o mesmo que elas mas exigia uma entrega total e nua na mesma quantidade e qualidade que eu lhe dava.
Terá sido a minha genialidade, a minha excentricidade o que nos matou... não sei. Não gosto de perder tempo com batalhas vencidas, já o disse.
Não gosto de chegar perto da loucura a tentar entender o que não resulta.
Acabou.
Mas sei que a partir daí comecei a pensar se a loucura não viverá dentro de mim e a qualquer momento pode saltar e comer alguém.
O primeiro a ser devorado há-de ser este que se julga perito em analisar-me e está a torrar-me a conta bancária.
Sem comentários:
Enviar um comentário