Falemos de mim, então.
De como passei a nada sentir depois de ter sentido tudo.
De como acho que nada mais voltará a magoar-me, a dilacerar-me, a ofender a minha vida. De como parece que o saco de lixo num instante se vazou e não acho lá nada, nem memórias, nem dores, nem bocados de ninguém e do sangue não há vestigios.
Falemos de mim e como me sinto enorme e fortificada.
De como todas as dores desapareceram e as sessões de análise deixaram de fazer sentido. Não volto lá mais.
Afinal a cura de todos os males passa pela morte em vida, matar de vez o que nos condenou a um purgatório.
Sou imortal.
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