O Magalhães apareceu à porta do quarto. Sorriu ao olhar para as fotos de uma adolescente contrariada por a fotografarem. Trouxe-me chocolate negro, amargo, do que eu gosto. Como raio este homem sabe que me perco por isto?!
- Sente-se, feche a porta, quero falar consigo...
- A sua mãe não vai achar estranho?
- Claro que vai.
- Então... Melhor deixar aberta...
- Feche a porta Magalhães. Não o vou comer!
- Não é isso Edna! É que por respeito...
- Deixe-se de merdas! Feche a porta e sente-se aqui na beirinha da cama!
- Mas Edna...
- Faz de conta que é uma ordem!
- Pois, mas não estamos no escritório!
- Não, não... Estamos a perder tempo! E dê-me o chocolate para aqui!
- Se calhar derrete e suja os lençóis...
- Você é mesmo um chato! Sente-se!
Sentou-se. Mas tão à ponta e tão aos pés da cama que pensei que fosse caír.
- Onde é que está o meu carro?
- Que obssessão!
- Que precisão! Onde está o carro, Magalhães?
- O carro está no estacionamento da Empresa, onde você o estacionou no dia em que...
- Não roubaram nada? Nem riscaram?
- Não, nada, nada. Vou lá verificá-lo todos os dias. Até já o pus a trabalhar...
- Grande Magalhães!
- Mas porquê essa coisa do carro? Que é que tem na cabeça, Edna?! Veja lá!
- Vejo o quê? Acha que vou fugir da casa da minha Mãe? Com que dinheiro? Roubo a minha Mãe e fujo?!
- Não é isso! Mas você é tão intempestiva...
- Quer um bocadinho?
- Não, não obrigado... não sou apreciador de doces...
- Isto não é doce! Abra a boca!
- Não, não!
- Cale-se! Abra a boca e sinta um grande prazer da vida!
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