terça-feira

Cá estou eu de novo. Sentada, perna traçada, até pareço bem comportada, sem desvios, sem traumas, sem doenças invisíveis que me atormentem a estrutura de um aço embaciado e corroído.
De que falaremos hoje?
Falemos de mim, então. Dentro de um tempo contado em que espremo quieta, calada e virada para a frente todas as emoções que me abanam. Ou não. Pareço muito melhor, parece muito melhor dirão. E parecía mal?
Parecía: Essa demência de se atirar às coisas que muitos sentem mas não se deve dizer não é de menina bem comportada, é de uma louca que se esgota numa incontinência verbal, de um cio que não parece contentar-se em arranjar um, dois (já chega), na bienal necessidade de se ter sexo.
Se calhar só o devería ter na intuição frugal da procriação.
Falemos então de mim.
Que sou de farto alimento, que não me apetece andar a deitar-me nem receber nenhum missionário que se venha com os seus problemazinhos de virilidade fazer de mim tubo de ensaio.
Estou melhor, não estou?

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