domingo

Às vezes sinto-me um íman.
A atraír tudo o que é mau, desviado, tarado. A minha mãe diz que eu não sou boa da cabeça e por isso há sempre a tendência dos semelhantes se agruparem como uma alcateia. Mas claro que também já mo dizía na infância e até ía buscar reminiscências a uma prima afastada que foi meio expulsa da familia por ser considerada uma libertina.
Ela contava-me isso em tom de censura mas para mim era puro divertimento e lembro-me bem do valente estalo que levei quando um dia me saí que quando fosse grande havería de ser como a prima maluca.
Não sou louca. Mas também não sou normal dentro dos parâmetros convencionais do sistema. Venci no mundo empresarial e os testes revelam que tenho um QI acima da média, que diga-se este último, não me serve de muito na minha vida social e afectiva pois parece que tenho um faro especial para descobrir gente que acabo por enjoar ou me trazem problemas.
É o tal íman, há quem lhe chame Karma mas eu não acredito nessas charlatanices e o cheiro do incenso dá-me dores de cabeça.
Alguma coisa deve ser, talvez eu esteja fora do meu tempo. Como a prima maluca.

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