domingo

Já estava farta de férias. Não percebo como há gente que consegue ficar sem fazer nada. Falta-me a agitação, o stress, a adrenalina dos problemas em que preciso de me concentrar para encontrar uma saída para os resolver.
E fartinha de andar com a mesma roupa, ainda entrei em despesas e comprei um vestido branco.
Foi por uma boa causa, é verdade.
Conheci um sueco no hotel, um moreno de olhos azuis escuros, uma perdição. Convidou-me para jantar e não podía voltar a aparecer com o vestidinho preto. Embora ache que para ele vestido preto ou branco lhe fosse completamente indiferente, já que o objectivo era mesmo ver-me sem roupa.
Foi um jantar muito agradável à luz das velas, tudo muito romântico. Acho que ele deve pensar que as mulheres precisam sempre destes retoques para se deixarem ir. Se calhar até sim, mas eu no prato de peixe já tinha decidido que o quería, portanto deixei ir a coisa até ao fim, muito convencido no seu inglês um pouco aflautado de que estava a levar a melhor.
A seguir dançámos, creio que me tentava impressionar.
Mas o que me impressionou mesmo foi a arte com que fez o melhor cuninlinguus que recebi nos últimos tempos. Uma coisa mesmo bem feita, com tempo, vagarosa, com mudanças de ritmo e até com paragens na altura oportuna retardando o orgasmo. Sei que a minha depilação artistica também o entusiasmou, ou pelo menos surpreendeu-o, talvez esperasse um monte de pêlo, qualquer coisa semelhante a estar a lamber uma alcatifa.
E o melhor é que tivémos um do outro aquilo que queríamos, acompanhado de uma conversa inteligente e depois cada um seguiu a sua vida, sem promessas nem actos tresloucados de nos sentirmos apaixonados. Diz que me há-de procurar quando voltar a Portugal. Pois, está bem.
Estou renovada, pronta para o trabalho, farta de férias.

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