quinta-feira

O primeiro impulso é o mais verdadeiro, o mais puro, o mais bárbaro e geralmente aquele que nos deita a perder.
E o primeiro impulso que tive depois de saber da minha prisão/dependência da minha Mãe foi partir tudo o que há neste quarto, atacar os enfermeiros e nunca mais olhar a cara da minha progenitora.
Provavelmente se não fossem estas as condições do meu cativeiro tê-lo-ía feito. Mas aqui e agora não dá para perder a cabeça nem fazer nada que me comprometa a saída à vista. Tenho tempo de pôr os pontos nos iis. Neste momento o importante é que eu consiga saír daqui, destes malditos comprimidos que me vigiam a vontade como soldados e me impossibilitam de raciocinar claro e rápido, tudo em simultâneo. Demoro a focar-me em cada assunto. Até isto mesmo que escrevi escondi sob senhas que criei e agora, sinceramente, receio perdê-las por não conseguir segurar na memória nem muitas coisas nem coisas com algum tempo. E quando digo algum tempo é a véspera.
Mas também não me posso arriscar a ficar manietada em todos os meus passos e por enquanto, mal ou bem, lenta e desfocada, este é o meu escape, o meu túnel escavado dentro de mim.

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