segunda-feira

- Gostas?
(Nada)
- Onde queres que te beije, diz-me...
(Era só o que me faltava...)
- É aqui que gostas, que te aperte, que te...
(Um falador!)
E contudo nada o faría prever. Um homem belissimo, um espécime daqueles que têm tudo na medida certa e não são afectados por essa vaidade que os torna tão irritantes. Tivémos conversas interessantes e disputamos ao pormenor o nosso gosto comum por vinhos. Confesso que isso me excitou... aquela forma de ele descrever o todo dessa celebração da prova, o orgasmo do palato, os sentidos a estalarem como bolhas e no final aquele veludo pós-climax que forra o corpo e a alma.
Mas na cama um autêntico papagaio e toda a poesia de escanção ausente.
Não me consegui vir e recuso-me a disfarçar nesses ataques histéricos que algumas compõem ao estilo 7ª arte.
Ele percebeu, pediu desculpa mas lá se atingiu. Como é possível?!
Irremediavelmente perdido para mim.
E desta vez até fiquei um pouco triste.

Sem comentários: