sexta-feira

Não pertenço a nenhuma sociedade, sou de mim.
É evidente que não ando por aí aos pinotes nem a despir-me em público mas não me revejo nos valores instituídos.
Vista em macro sería rotulada como uma bipolar ou esquizofrénica, medicação e qualquer descarrilar sería colocado nos eixos.
À lupa sou uma cabra a nivel negocial, uma puta para quem fala de mim, uma mulher com problemas para a minha familia, uma amiga diferente para os meus amigos, uma fonte de rendimentos para o analista.
Provavelmente serei tudo isto. Mais ainda o que me comentam e diverte. E ainda o meu saco do lixo que desconhecem. E talvez por o meu saco ser exactamente um saco do lixo, sem ordenação, tudo misturado no conteúdo que apodrece eu encontre o único adjectivo que não me aplicaram: Insatisfeita.
Sou-o, tenho consciência, por vezes uma achega, na maioria das vezes uma falta que atrapalha: se por um lado essa insatisfação me alavanca para outros estádios, outras mais amputa-me no gosto de me saber plena a gozar o momento.
Não sou mulher de momentos, de instantes e também não corro atrás de feitos grandiosos assinalados a estandarte. Sou... insatisfeita. É isso, insatisfeita.
Deve ser por isso que me entretenho com o meu saco de lixo.

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