segunda-feira

Cheguei cedo, muito cedo. Sou quase sempre a primeira a chegar, não por uma questão de dar o exmplo como dona da empresa mas porque de facto, gosto de vir cedo para preparar o dia.
Corri como todas as manhãs e fez-me bem aproveitar o nascer do dia quando ainda não há muito calor.
Sentía-me abafada em casa, uma falta de ar, um peso no peito, nem mesmo o ar condicionado aligeirou o ambiente. Cá fora consigo respirar, o som da rua lembra-me vida.
Cheguei mais cedo do que o habitual porque preciso de encontrar um decorador para o quarto de hóspedes e não quero ocupar o tempo da empresa com estas questões particulares. De hoje não passa, terei mesmo de arranjar uma solução. Não aguento mais passar em frente àquela porta e saber o que está lá do outro lado. Sei que mudar o aspecto das coisas não altera a sua essência mas ajuda a mascarar o que não se pretende lembrar e, assim estampado aos olhos como está obriga-me a ver um filme que não gosto, não quero e recuso.
Sinto que qualquer coisa se partiu em mim ou se perdeu. Ou então a achei. Ainda não estou certa do quê, se é bom, se é mau, se é apenas o virar de uma página na minha vida. Já virei algumas, não será esta que me obrigará a fechar o livro.
E não me posso permitir parar. Afinal ele também não o fez.

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