sexta-feira

Naquele dia eu não fui eu. Eu fui mesmo eu com o meu saco do lixo totalmente escancarado, a chafurdar no sangue e a asfixiar-me entre os membros soltos e sem corpo que abundam dentro dele.
Disse-me o Magalhães que jorrei sangue pelo nariz, não um fiozinho como é hábito mas em golfadas. Temeram que eu tivesse feito um epistaxis e que fosse desta para melhor. Mas o verdadeiro circo veio a seguir, comigo a despir-me e a urrar e bater com os braços pelas paredes, na mobilia, um verdadeiro ataque de loucura. Foram precisos quatro homens para me segurar e mesmo assim debati-me, oferecendo pontapés como coices a quem tentava agarrar-me as pernas. Mordi o Magalhães, ferrei-lhe os dentes com força no ombro.
E depois perdi os sentidos.
Disse-me que estive muito tempo desacordada. Assustaram-se muito, só se lembraram da minha Mãe, desconhecíam se havería mais alguém a quem chamar.
Pois não havía. Não há. Sou sózinha por opção.
Quando morrer também vou sózinha.
Ou pensam vocês que levam chaperon?!

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