sexta-feira

Reunião de equipas. Gosto destas reuniões, desta agitação que se faz até eu chegar e silenciarem-se como meninos de escola à entrada do professor. Com o decorrer voltam a falar mais alto, a entusiasmarem-me pelos temas e a defenderem o seu ponto de vista, motivo-os, dou-lhes a corda que precisam para se esticarem, recolho opiniões e defino perfis, descubro o bom profissional daquele que vem só para receber o seu ao fim do mês sem inovação, sem gosto de maior.
Já tive casos em que um ou outro saltou do sofrível para a genialidade. Basta dar-lhes espaço, liberdade, responsabilidade.
Mas também já aconteceu nada acontecer. Mantenho um par dessa estirpe, preciso deles: rotineiros, certos, sem imaginação mas cumpridores.
Gosto de aproveitar estas reuniões para lhes fazer ver que o meu sucesso depende do deles, e que a minha posição enquanto dona da empresa é tão frágil quanto a deles como meus empregados. Se eu falir eles ficam sem emprego e ninguém quer isso.
Sou exigente, quero ser a melhor.
Eles sabem disso, da minha forma de funcionar, de como no meio me chamam a cabra e quase o encaram como um elogio guerreiro.
Não me incomoda o rótulo.
Antes cabra do que não saberem quem sou.
(Hoje, mesmo antes de eu entrar na sala de reuniões, ríam-se de mim, do meu admirador secreto, dos ramos no caixote do lixo... achei graça, confesso, a imitação da minha voz e dos meus gestos quase me arrancou uma gargalhada)

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