quarta-feira

Falemos de mim então. Da minha especial habilidade para afastar de vez aqueles de quem mais gosto. Os poucos, poucos de quem gosto realmente e se vão da minha vida porque enquanto não corro com eles parece que não descanso.
Depois sofro. Mais. Mas não sinto arrependimento. Não me acho a alavanca que pôs em marcha este mecanismo que cuspiu duas pessoas que se querem afastadas como dois pontos no Universo.
Falemos de mim, como quiserem falar de mim.
Hoje sinto-me como um não me importo.
Nada tem importância, até o meu saco de repente minguou e mirraram os braços que por lá se misturam, subnutridos de um amor que não me dou, que não me chega e que também repudio.
Amar é violentar. É acabar com o outro.
Ele acabou comigo.
E só hoje me dou conta que já morri.

Sem comentários: