segunda-feira

Ganham-se pequenos hábitos com uma rapidez impressionante.
Dormi mal, tenho muitas dores de cabeça e ao longo da minha primeira noite de recuperada liberdade pus-me à escuta dos passos arrastados da minha Mãe quando se levantava, acendía a luz do corredor e me vinha espreitar e compôr a roupa de cama.
Nada disse aconteceu, são partidas da nossa cabeça.
Tomei um comprimido, agarrei-me ao telefone e marquei cabeleireiro, depiladora, manicure e pedicure. Só depois me lembrei que estou sem carro. Liguei para o Magalhães que entrou em pânico quando me ouviu. Em menos de um fósforo chegou.
- Mas que ideias são estas? Vá com calma!
- Eu vou. Mas depilada e de cabelo arranjado. Ou me traz o carro ou hoje está requisitado como motorista... escolha.
- Mas isto não é assim! E o escritório? Há reuniões importantes para hoje!
- Vá, não quero que falhe. Não se esqueça que o seu sucesso também para si reverte!
- Conversa! Diz isso depois de me desinquietar e fazer-me chegar aqui para ficar à sua disposição!
- Ouça. Eu estou com uma dor de cabeça infernal e não tenho disposição para discutir. Tenho horas marcadas no cabeleireiro, não posso continuar nesta figura!
- Mas que figura?
- Esta!!! A minha!
- Mas que cagança! Como se isso fosse importante!
- Já vi que me enganei a seu respeito! Não posso contar consigo!
- AH! Tardava! Vamos começar?
- Não vamos começar nada! Eu chamo um táxi! Está dispensado, pode ir. Mais tarde eu vou ao escritório!
- O quê? Mas que loucura é esta?
- Pode ir, não perca tempo!
- Sua doida... vamos lá, que eu levo-a.

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