segunda-feira

Não dormi uma hora sequer. Estou pronta há séculos, à espera do Magalhães. Estou nervosa. Hoje ocupo o meu lugar. Hoje penso no que aconteceu ontem. Levei a noite inteira a pensar no que aconteceu ontem.
Depois daquela palhaçada da lagosta e do Magalhães desatámos a rir. Mas a rir tanto que parecíamos dois dementes, sem contenção, sem tino algum, risos nervosos, quase histéricos, uma coisa absurda que nos tomou a cabeça e o corpo.
E de repente senti um fogo a queimar-me desde os pés até à raiz dos cabelos, parecía que o meu cabelo suava, destilava por aquele homem que se dobrava à minha frente em convulsões de riso incontrolável.
Agarrei-lhe a cara e beijei-o.
Beijei-lhe os lábios com força, aos chupões, a meter a minha lingua dentro da boca dele, à volta da carne da boca, a revolver-lhe a boca e a sentir-lhe a lingua macia e ondulada e também os dentes e de novo os lábios e apeteceu-me comê-lo.
Mas só a boca. Muito a boca.
Ele agarrou-me nos pulsos, afastou-me, deu-me uma sacudidela.
- Páre com isso Edna. Não quero.
E saíu porta fora.

Sem comentários: