sábado

A vida não tem planos. O único objectivo que traça como gold é apenas a morte, de resto deixa tudo à toa. É por isso que os projectos que se fazem ao longo da vida, as determinações, as promessas vão para além dos 80% na taxa de insucesso de concretização. De uma forma ou doutra parece que a raça humana está condenada a desenhar um percurso de vida somente com o intuito de o falhar. É a modos que um jogar para nulos.
Por isso, quando saí do consultório e o Magalhaes me sorriu a perguntar se tinha corrido bem, todos os planos que eu havía feito se desmancharam naquele segundo: senti-me chegar a porto seguro. Nem sequer vou tentar explicar porquê. Só sei que o cenário que eu havía imaginado de me pôr a correr sem ninguém me conseguir deitar a mão pareceu-me a coisa mais burlesca que alguma vez me atravessara a cabeça e sinceramente, duvidei do meu juízo e se não teríam havido efectivas razões para me internar.
Ao invés de uma cena de filme comigo a correr para a liberdade, entreguei-me de novo nas mãos do meu carcereiro e pedi-lhe para irmos embora, entrei no carro e pedi-lhe um passeio por um jardim, passeámos e pedi-lhe para nos sentarmos a conversar, conversámos e eu simplesmente lhe disse que não voltava mais para a casa da minha Mãe. Assim. Sem gritos nem gestos dramáticos de braços. Ele escutou-me muito sério. Permanecemos depois calados por algum tempo. Caíu uma folha amarelada de um plátano em cima da minha cabeça, ele tirou-a, rodou o pé entre os dedos, depois entregou-ma na mão e disse "Está na altura Edna".

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